O assassinato de um jovem de 21 anos na Grande Florianópolis, após sequestro e extorsão, neste final e semana, causou grande repercussão nas redes sociais. O crime foi rapidamente esclarecido pela Polícia Civil e os principais suspeitos presos. O pano de fundo: as dívidas dos autores por conta de jogatina, como apostas online e poker, segundo a PC.
A violência deste caso, por mais chocante que seja, é apenas a pontinha do iceberg de uma doença silenciosa que dilacera milhares de famílias Brasil afora. Para onde quer que você olhe, seja no seu celular ou na televisão, lá está o anúncio de uma Bet. E com alerta quase imperceptível: “jogue com responsabilidade”. Calcula-se que elas já movimentam a impressionante cifra de R$ 30 bilhões por mês no país em 2025.
Em março, a inadimplência chegou a quase metade da população adulta, cerca de 75 milhões de pessoas com dívidas atrasadas no Brasil. Além da inflação e queda no poder aquisitivo, apontadas como as principais causas, cerca de 30% admitem ter gastado alguma quantia com jogos online. Enquanto isso, as principais “personalidades” como atores, cantores, apresentadores e influencers estão aí, anunciando e faturando alto.
Não existe estatística ou tipificação para quantificar o número de vítimas fatais em decorrência das dívidas por jogatina. Por exemplo, quantos já atentaram contra si, diante da perda total do dinheiro, do patrimônio, da dignidade? Provavelmente jamais saberemos.
Uma única vida, por óbvio, não tem preço. Mas tal premissa parece não se aplicar aos que enriquecem às custas da desgraça alheia. Podem apostar.
Foto: Banco de imagens, divulgação
