Em votação por aclamação, representantes dos Conselhos Deliberativo e Consultivo do Floripa Sustentável elegeram na última segunda-feira o publicitário Roberto Costa – que vinha ocupando a Coordenação Geral – para a presidência da entidade no próximo biênio. Costa foi presidente e sócio da Propague, uma das agências pioneiras do mercado publicitário catarinense. Atualmente é conselheiro da Propague SP.
O movimento tem um histórico de oito anos de atividades. Por que o Floripa Sustentável foi criado? Tem atingido seus objetivos?
Em 2017 Florianópolis passava por um momento muito difícil com relação à evolução, aprovação e execução de projetos e obras essenciais para a cidade, entre eles o próprio Plano Diretor, que estava em completo descompasso com as necessidades urbanísticas e sociais. Muita coisa estava travada no Ministério Público, na Justiça Ambiental, na Câmara de Vereadores e em outros órgãos federais, estaduais e federais. Por isso um grupo oriundo da Floripa Amanhã, que é nossa entidade-mater, resolveu criar um movimento que pudesse integrar as pautas das entidades representativas da comunidade florianopolitana e catarinense, dando voz ao que chamamos de “maioria silenciosa”, que sempre perdeu espaços para a “minoria ruidosa”. Nesses oito anos atingimos sim a maior parte dos objetivos iniciais, mas surgiram novos desafios numa cidade que cresce – em todos os sentidos – como Florianópolis. Fundamental foi ter integrado 45 entidades para que, todos juntos, possamos abrir caminhos para o desenvolvimento social e econômico – e especialmente sustentável – da Capital.
Quais são as prioridades do movimento?
Com te disse, surgiram novos desafios, prioridades. Mas elegemos desde o ano passado o Saneamento e a Mobilidade Urbana como dois pilares que carregam consigo diversos outros, de natureza social, urbana, de qualidade de vida e que se encontram muito aquém daquilo que uma cidade com nossos altos índices de IDH deveria ostentar. Por isso entram nesse cenário, inclusive em caráter mais emergente, a Gestão da Orla, as pessoas em situação de rua (PSRs), a Habitação Social, o Retrofit do Centro Histórico, a Educação Fundamental, a Saúde Pública e até temas pontuais, como a ocupação do novo espaço da Penitenciária da Agronômica, que será desativada no final do ano que vem.
Florianópolis é conhecida como “a cidade do não pode”. Isso vem há pelo menos duas décadas travando projetos e obras importantes para a cidade. O que acontece e como se resolve isso?
Com essa pergunta tu já fizeste um histórico do que vivemos há pelo menos duas décadas e não vou ficar aqui abrindo antigas feridas. Mas o que fica claro, depois do Floripa Sustentável, é que por meio das nossas 45 entidades conseguimos evoluir no diálogo com todos os órgãos e instituições que tinham por regra o “não pode” – e muita coisa foi resolvida, talvez a principal delas a revisão do Plano Diretor, em 2023, depois de sete anos, quase vinte audiências e consultas públicas, clareza e transparência na exposição dos motivos pelos quais a legislação precisava ser modernizada. A solução sempre será o diálogo.
O Floripa Sustentável passa por um novo momento com a sua eleição para presidente e de Júlio Geremias para vice. O que significa esse novo momento?
O movimento evoluiu bastante desde 2017, criamos coordenadorias específicas para cada área de atuação, com coordenadores voluntários com currículos consagrados e uma história de dedicação à cidade. Para o próximo biênio, vamos aprimorar mais ainda a governança do Floripa Sustentável, para que as 45 entidades que o integram estejam cada vez mais representadas, possam participar mais ativamente. Com a chegada do Júlio Geremias, que fez uma excelente gestão frente à CDL, criamos uma presidência, para a qual fui eleito, e uma vice-presidência, que ele ocupará com toda a sua experiência e capacidade de diálogo. Como já disse, os desafios são grandes e o Floripa Sustentável tem sido uma referência não só local, mas também estadual e em outras cidades do país, de como a sociedade civil pode ser indutora do desenvolvimento sustentável.
Sim, o Floripa Sustentável se transformou numa referência de movimento em favor de uma cidade não só em Santa Catarina, mas também para outros municípios. A que o senhor atribui isso?
À união das 45 entidades que compõem o movimento. Assim como te afirmei que o diálogo é a solução para a maior parte dos entraves de Florianópolis, a integração entre essas entidades é fundamental para que o Floripa Sustentável continue a ser uma referência e um fórum onde a comunidade encontra acolhida para encaminhar soluções para a sua cidade.
Crédito: Marco Cezar/Divulgação