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sexta-feira - 5 de dezembro de 2025

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05/12/2025

Realidade x Expectativa sobre a UFSC

Por mais que enfrente dificuldades financeiras por conta do contingenciamento de repasses federais, aliado à uma gestão ineficiente, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é cada vez mais reconhecida como um espaço acadêmico de excelência. Independentemente dos indicadores aplicados, as pesquisas e trabalho dos seus professores e alunos estão sempre em posição de destaque de rankings e avaliações comparativas entre universidades do Brasil, América Latina e até mundiais.

A Folha de São Paulo acaba de divulgar que o Jornalismo da UFSC (foto) conquistou o primeiro lugar na área de Comunicação entre os cursos das universidades brasileiras no Ranking Universitário da Folha (RUF) 2025. Na lista geral, entre as instituições de ensino superior, a UFSC está em sétimo lugar e, entre as federais, em quarto, conforme o ranking deste ano. O RUF é elaborado pela Folha desde 2012.

Os números da Universidade ajudam a explicar tal desempenho. Em 2024, 3.378 alunos finalizaram a graduação, 1.206 viraram mestres e outros 682 se tornaram doutores. São pelo menos 6 mil bolsas distribuídas entre os alunos, além de 4.661 trabalhos de pesquisa. O atendimento à comunidade também é muito representativo.

Além da Biblioteca Universitária, que oferece quase 1 milhão de exemplares entre livros, periódicos e E-books, o restaurante universitário entregou, no último ano, quase 1,5 milhão de refeições. O Hospital Universitário também é grande aliado da comunidade catarinense. Foram 96,5 mil atendimentos ambulatoriais e 8.667 cirurgias ambulatoriais e no Centro Cirúrgico.
No entanto, uma narrativa construída ao longo dos anos, e amplamente divulgada nas redes sociais, sugere que a UFSC, em especial nos cursos de ciências humanas, transformou-se em um reduto de radicais esquerdistas. Um bando maconheiros e vagabundos, que sonham em implantar o comunismo no Brasil por meio da luta armada. A expectativa de alguns é de que esta versão se transforme em verdade absoluta.

Por ser uma universidade de excelência, suas vagas são disputadíssimas por estudantes do Brasil e até do exterior. Logo, deveria ser celebrada e motivo de orgulho para os catarinenses. Não visita apenas como um espaço de baderna, como tentam convencer alguns. Exemplo clássico é o de um ex-vereador, que posta vídeos em que se coloca como vítima de estudantes baderneiros, após as discussões. Sua prática é tão recorrente que não seria exagero imaginar alguma espécie de fetiche.

A principal causa sobre esta visão distorcida da UFSC nasce na polarização política. Até porque, sim, existem grupos lá dentro que defendem o comunismo. Assim como existe consumo de maconha nos arredores dos prédios. O que não é, acreditem, exclusividade no campus de SC. Tem os que defendem o nudismo e o aborto. Assim como entre os futuros médicos, há quem veja a eutanásia como uma opção legítima para pacientes terminais. E está tudo certo. A academia é o espaço para que as ideias, até mesmo as aparentemente absurdas, sejam confrontadas. Isso também é formação.

A UFSC é muito mais do que lado A e B. Ela é complexa. Multifacetada. A universidade não é nem da esquerda, nem da direita, mas deve acolher, e até estimular, que tanto conservadores quanto liberais, ministrem aulas, frequentem os cursos, laboratórios, façam pesquisa e escrevam teses, publiquem artigos. Quem incentivem o debate entre contrários. E convivam com respeito e harmonia.

A realidade da UFSC é a de uma universidade reconhecida globalmente no meio acadêmico. Por mais que a expectativa de alguns considere seus problemas pontuais, e que realmente existem, provas cabais para uma condenação sumária à pena capital.

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