quinta-feira - 12 de junho de 2025

Quem vai reparar os danos à imagem dos ex-vereadores?

Onze anos depois de deflagrada pela Polícia Federal, a Justiça absolveu quatro ex-vereadores de Florianópolis da acusação de corrupção passiva na investigação da operação Ave de Rapina. São eles: Dalmo Meneses, Edinon Manoel da Rosa (Dinho), Ed Pereira e Deglaber Goulart. Na sentença, proferida pela Vara Criminal da Região Metropolitana da comarca da Capital, o juiz atendeu pedido Ministério Público (MPSC), reconhecendo não existir, nos autos, provas para afirmar que os acusados aceitaram propina para a aprovação do substitutivo global ou do decreto regulamentador em benefício dos empresários do ramo de publicidade.
A decisão, muito bem fundamentada pelo magistrado, coloca, indiretamente, luz sobre uma outra discussão cada vez mais necessária: a exposição midiática que se dá às operações policiais. Agora imagine a seguinte cena: você é uma pessoa pública e tem seu nome associado a uma ação criminosa em 2004. Mas somente em 2025 é absolvido. Não se trata, por óbvio, acreditar que Florianópolis está livre dos tentáculos da maior chaga brasileira, a corrupção.
A questão posta é para reflexão: como reparar a imagem destes quatro absolvidos? Reitero: falando especificamente sobre este processo. Primeiro, a Polícia Federal deflagra a operação, em que agentes são filmados e fotografados com os malotes pretos saindo do prédio. Na sequência, a imprensa, na ânsia de publicar, divulga os nomes sem a devida apuração.
E a partir daí está montado o julgamento capital nas redes sociais, com a condenação sumária, ignorando-se a presunção da inocência, além das etapas e prazos processuais até que o indiciado vire réu.
Nunca é demais lembrar que Luiz Carlos Cancellier, reitor da UFSC, não suportou tamanha humilhação, tirando a própria vida. A Justiça, como diz o adágio popular, tarda, mas não falha. O problema é que ela demora justamente quando mais se precisa dela.

Foto: Divulgação

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