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Redação

quinta-feira - 18 de dezembro de 2025

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18/12/2025

O que o entulho nas calçadas diz sobre nós

A paisagem urbana de Florianópolis — assim como a de muitos municípios — convive há anos com um problema crônico: o acúmulo de móveis, eletrodomésticos e outros resíduos volumosos descartados irregularmente nas calçadas dos bairros, como no Sul da Ilha de SC (foto). Curiosamente, esse cenário raramente se repete no Centro da cidade, o que evidencia não apenas uma disparidade no tratamento do espaço público, mas também diferentes níveis de cobrança e comportamento coletivo.

O problema tende a se intensificar nesta época do ano, quando o consumo estimula trocas domésticas e, junto com elas, descartes feitos sem planejamento. Sofás, geladeiras, colchões e restos de móveis passam a ocupar praças e vias públicas, criando ambientes visualmente degradados, insalubres e pouco convidativos à convivência urbana.

É evidente que o serviço público pode — e deve — ser mais eficiente. A chamada coleta pesada, oferecida pela prefeitura, ainda se mostra burocrática e lenta. Com necessidade de agendamento prévio e frequência mensal, o modelo não acompanha a dinâmica real da demanda. O resultado é previsível: resíduos permanecem por semanas expostos nas calçadas, acumulando sujeira e estimulando novos descartes irregulares. Agilizar o serviço, ampliar a frequência e torná-lo mais flexível é uma urgência.

Mas é preciso ir além da crítica automática ao poder público. Parte significativa do problema também está no comportamento da população. Esperar sempre que a mão do Estado resolva tudo — inclusive aquilo que nasce de decisões individuais — é confortável, mas pouco responsável. Descartar um sofá na calçada sem agendamento, sem aviso e sem cuidado não é falha do sistema: é escolha.

Vale destacar, de forma positiva, o trabalho dos profissionais da Comcap, que, quando acionados, demonstram eficiência, cordialidade e compromisso. O gargalo não está na ponta, mas na logística e na capacidade de resposta do sistema — e, igualmente, na falta de consciência de parte dos moradores.

Cuidar da cidade é uma tarefa compartilhada. O contribuinte tem o direito de cobrar um serviço público ágil e respeitoso, mas também tem o dever de agir com responsabilidade no uso do espaço coletivo. Quando o poder público melhora seus processos e a população faz a sua parte, os bairros ganham em beleza, salubridade e qualidade de vida — e Florianópolis se aproxima, de fato, da cidade com a imagem da qualidade de vida que tanto promove.

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