O confronto entre o presidente da República João Figueiredo e estudantes da UFSC, em 30 de novembro de 1979, marcou a história política catarinense. Conhecida como Novembrada, a discussão entre o presidente, da sacada do Palácio Cruz e Sousa, até então sede do Governo do Estado, resultou em um tapa no ministro das Minas e Energia, César Cals e vários estudantes presos, sete deles enquadrados na Lei de Segurança Nacional.
Cerca de 4 mil pessoas se manifestavam em frente à Praça XV, repudiando a Ditadura e a inflação, que naquele momento chegava a 80% ao ano. O descontentamento com o regime e com o crescente aumento do custo de vida, liderado pelo preço dos combustíveis, que nos dias anteriores haviam sido mais uma vez reajustado, estimulou estudantes e a população tomarem as ruas. Ao sair do aeroporto, no Carianos, o carro que levava João Figueiredo até o Centro de Florianópolis, era ladeado por uma multidão batendo panelas em protesto. O auge da manifestação foi quando o presidente, ao ouvir palavras de ordem contra a Ditadura e seu Governo, do alto da sacada do Palácio, fez um gesto mostrando que os manifestantes eram pequenos, o que para muitos havia sido um gesto obsceno. Como a situação tinha ficado insustentável, o governador Jorge Bornhausen, o presidente e o ministro, deixaram o local, se dirigindo ao Senadinho, duas quadras à frente. João Figueiredo continuou sendo hostilizado e discutiu com as pessoas. Neste momento, César Cals recebeu uma bofetada. A manifestação acabou sendo abafada pela Polícia Militar. Este protesto foi o estopim para outras manifestações contra o regime por todo o Brasil.
E é justamente sobre a Novembrada que a Frente Parlamentar da Memória e Patrimônio Histórico, presidida pelo vereador Afrânio Boppré (PSOL), promoverá, na Câmara Municipal, a partir de terça-feira (18), exposição com fotos históricas deste episódio da história política do Estado.
Alguns registros fotográficos estarão expostos no hall do plenário da Câmara, até o dia 1° de dezembro. As fotografias fazem parte do acervo da Casa da Memória, da Fundação Municipal de Cultura.
Crédito: Dario Salles
