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Redação

sexta-feira - 5 de dezembro de 2025

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05/12/2025

Justiça é cega, mas não pode ser muda: Homofobia expõe desafio no judiciário

O desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina João Marcos Buch, casado com o advogado e empreendedor Lucas Dalbem Fasolo Buch, foi vítima de ataque homofóbico em um grupo de WhatsApp composto por advogados. O magistrado expôs o caso em suas redes sociais e comentou de forma firme:

“Não relevo, não deixo passar e reajo. Inclusive, dou publicidade, preservando a identidade de quem me atacou, que poderá, a seu tempo, dizer o motivo de tanta virulência.”

Buch tem sido alvo recorrente desse tipo de violência pelo simples fato de viver publicamente sua relação afetiva com outro homem. Dono de uma carreira ilibada e reconhecido pelo trabalho exemplar na magistratura, sua postura resiliente e combativa é digna de aplausos. O que lamentar — e registrar — é que tamanha ignorância criminosa tenha partido exatamente de um advogado, profissional que deveria defender os pilares da Justiça.

O destino quis que o ataque viesse às vésperas do Encontro Nacional do Judiciário, aberto nesta segunda-feira, em Florianópolis, reunindo representantes de todo o sistema de Justiça brasileiro. O presidente do STF, Édson Fachin, a ministra Cármen Lúcia e o ministro Alexandre de Moraes participam do encontro organizado pelo Conselho Nacional de Justiça.

Uma manifestação pública — mesmo que breve, da tribuna do evento — em defesa intransigente de um dos seus enviaria uma mensagem clara ao país: o Judiciário não tolera mais práticas criminosas, ignorantes e preconceituosas. Notas de repúdio e solidariedade são importantes e formais; mas, na prática, seu efeito social é limitado. Uma fala firme, diante de magistrados de todo o Brasil, muda cenários.

Juízes, desembargadores e ministros reunidos no encontro têm diante de si uma rara oportunidade de liderança moral. A chance está posta. Falta saber se alguém ousará se posicionar publicamente.

João Marcos e Lucas Buch não são exceção. Milhares de outros casais homoafetivos enfrentam diariamente o mesmo tipo de violência.

A Justiça é cega — mas não pode ser surda ao que acontece bem debaixo da toga, especialmente em Santa Catarina.

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