O Projeto Limpeza dos Mares encerra 2025 com números que impressionam — e preocupam. Apenas neste ano, foram retiradas quase 5 toneladas de resíduos do mar e dos costões, e a iniciativa está prestes a alcançar a marca histórica de 200 toneladas de lixo removidas desde o início do trabalho, em 2014. O balanço ganhou contornos ainda mais simbólicos na última ação do ano, realizada no sábado na Ilha do Arvoredo (SC), uma unidade de conservação federal.
A etapa marcou também a abertura da temporada de verão do projeto e revelou um cenário de poluição alarmante mesmo em área protegida. As atividades enfrentaram condições adversas, como a presença de uma espuma estranha na água, que reduziu a visibilidade durante os mergulhos e acendeu um novo alerta ambiental.
No fundo do mar, os voluntários localizaram e removeram redes fantasmas presas às pedras, um dos resíduos mais perigosos para a fauna marinha por continuar capturando e ferindo animais mesmo após o descarte. No costão rochoso da ilha, o volume de lixo encontrado incluiu garrafas, plásticos, isopor e diversos outros materiais, evidenciando o impacto da ação humana em um dos trechos mais preservados do litoral catarinense.
Um dos achados mais simbólicos foi uma garrafa com identificação de origem chinesa, o que reforça o caráter global da poluição marinha. O objeto ilustra como resíduos descartados de forma inadequada podem percorrer longas distâncias por rios e correntes oceânicas até atingir áreas remotas e ambientalmente sensíveis.
Para a coordenadora do projeto, Michele Ferrari, a ação funciona como um alerta permanente. Segundo ela, o lixo afeta não apenas a vida marinha, mas também aves e répteis que habitam a região. A presença de espuma e manchas em um local considerado paradisíaco levanta, ainda, questionamentos sobre a poluição por esgoto não tratado.
Além das ações de limpeza, o Projeto Limpeza dos Mares realizará, ao longo de toda a temporada de verão, uma série de ações de conscientização ambiental voltadas a moradores e turistas. A proposta é ampliar o alcance da mensagem educativa e reforçar que a preservação dos oceanos começa em atitudes simples do dia a dia.
Mais do que retirar resíduos, o projeto reforça seu principal pilar: a conscientização. A iniciativa chama atenção para materiais que muitas vezes permanecem invisíveis ao público, mas causam impactos profundos e duradouros. A mensagem final é clara: a responsabilidade pela saúde dos oceanos é coletiva, e a poluição marinha não é um problema distante — é de todos.
A etapa foi realizada com o Fort Atacadista como Patrocinador Mantenedor e contou com a realização da ACATMAR (Associação Náutica Brasileira), Acquanauta Floripa e Mundo Mar Consulting. O mutirão reuniu apoio institucional da Prefeitura de Florianópolis, SEMAE SC, ICMBio, Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Marinha do Brasil, Capitania dos Portos de Santa Catarina, SOAMAR Florianópolis, Programa Bandeira Azul e Iate Clube Veleiros da Ilha, além das empresas apoiadoras Marina Blue Fox, Marina Atlântida, Navitec, Manos Comunicação Visual e Sanáutica.
Foto: Mundo Mar
-18 de dezembro de 2025
